Export Satsuma: diferenças entre revisões
Edição atual desde as 20h33min de 6 de setembro de 2025

"Satsuma Export" refere-se a um estilo de cerâmica japonesa produzida principalmente no domínio Satsuma (atual Prefeitura de Kagoshima) e noutros centros cerâmicos no Japão durante o final do século XIX e início do século XX, especificamente para o mercado externo. Caracterizada por uma decoração elaborada, dourados e cenas figurativas intrincadas, a Satsuma Export tornou-se muito procurada na Europa, América do Norte e fora dela, particularmente durante o "período Meiji" (1868-1912).
História
A cerâmica Satsuma teve origem no início do século XVII, introduzida no Japão por ceramistas coreanos trazidos durante as invasões japonesas à Coreia (1592-1598). As primeiras peças eram cerâmicas simples, de tons quentes, com esmaltes subtis.
Com a abertura do Japão ao Ocidente, em meados do século XIX, os oleiros adaptaram as suas técnicas para se adequarem aos gostos estrangeiros. Isto deu origem à "Satsuma Exportada", um estilo mais ornamentado, produzido em grandes quantidades para exposições internacionais, presentes diplomáticos e exportação comercial.
Principais Pontos Históricos
- 1867 – A cerâmica Satsuma apareceu na Europa na Exposição Internacional de Paris, despertando o interesse estrangeiro.
- 1873-1900 – Auge da produção para os mercados de exportação, coincidindo com a participação do Japão em diversas feiras mundiais.
- Período Meiji Tardio – A produção espalhou-se para além de Satsuma, chegando a Quioto, Osaka e Yokohama, gerando variações no estilo e na qualidade.
Características
As peças de Satsuma para exportação são geralmente reconhecidas por:
- Corpo: Cerâmica cremosa, em tom marfim, com um fino esmalte craquelado (kan-nyū).
- Decoração: Esmaltes densos e coloridos sobre o esmalte, combinados com dourados sumptuosos.
- Temas: Paisagens, cenas da corte, divindades budistas e motivos da vida quotidiana.
- Textura: Esmaltes ricos em relevo (moriage) em alguns exemplares de grande qualidade.
Elementos Decorativos Típicos
- Padrões de brocado inspirados em tecidos.
- Figuras mitológicas como Kannon, Jizō ou Shōki.
- Cenas da natureza com flores de cerejeira, peónias ou crisântemos.
- Episódios históricos da literatura ou folclore japonês.
Principais Centros de Produção
Quioto
- Conhecida pelos detalhes finos, pinceladas delicadas e douramento elegante.
- Workshops como Kinkōzan e Yabu Meizan ganharam fama internacional.
Yokohama
- Especializada em peças grandes e impressionantes para colecionadores ocidentais.
- Empregava frequentemente cores vibrantes e um douramento mais intenso.
Osaka e Kobe
- Produzia tanto artigos de alta qualidade como para o mercado de massas.
- Muitos artigos eram exportados por estas movimentadas cidades portuárias.
Marcas e Assinaturas
As peças de Satsuma Export apresentam frequentemente marcas na base, geralmente em dourado sobre vermelho. Os elementos comuns incluem:
- O emblema círculo com cruz do clã Shimazu (governantes de Satsuma).
- Inscrições em kanji nomeando o ceramista ou o workshop.
- Frases como Dai Nippon (Grande Japão), enfatizando o orgulho nacional.
Colecionável e Percepção Moderna
Embora a produção em massa tenha levado a níveis de qualidade variados, o Satsuma Export continua a ser altamente colecionável. As melhores peças são valorizadas por:
- Extraordinária habilidade na pintura de miniaturas.
- Cenas narrativas complexas.
- Excelente estado de conservação com perda mínima de douramento.
Factores que Influenciam o Valor
- Reputação do artista (por exemplo, Yabu Meizan, Namikawa Yasuyuki).
- Nível de detalhe e precisão da pintura.
- Tamanho e singularidade da forma.
- Estado dos esmaltes e douramento.
Exemplos Notáveis
- Vasos para exposição em salões europeus.
- Conjuntos de chá combinando motivos japoneses com formas ocidentais.
- Estatuetas representando deuses, samurais ou gueixas.
- Placas e pratos concebidos para exposição em paredes.
Legado
A Satsuma de Exportação é tanto um produto da adaptação do Japão ao comércio global como uma expressão do artesanato tradicional moldado pelos gostos ocidentais. Hoje, serve como testemunho do intercâmbio cultural da era Meiji, equilibrando as tradições artísticas nacionais com as exigências do mercado internacional.
Referências
- Impey, Oliver. Satsuma de Exportação Japonesa, 1867–1914. Londres: British Museum Press, 2002.
- Ayers, John. A Arte da Porcelana Japonesa. Londres: Sotheby's Publications, 1982.
- Cortazzi, Hugo. O Japão e o Mundo Vitoriano. Londres: Routledge, 2013.
- Gisela Jahn. Cerâmica Meiji: A Arte da Porcelana de Exportação Japonesa e da Cerâmica Satsuma, 1868-1912. Munique: Prestel, 1989.
- Franks, Sir Augustus W. Cerâmica Japonesa. Londres: South Kensington Museum, 1880.